quarta-feira, 12 de setembro de 2007

SERTÕES NA BAHIA


Nos dias 05, 06, 07, 08 e 09 de setembro Salvador recebeu no Museu do Ritmo, antigo Mercado do Ouro, no Comercio, o espetáculo “Os Sertões”, dirigida por Zé Celso Martinez, diretor do grupo Oficina, do Teatro Oficina de São Paulo. A peça é uma montagem baseada no livro de Euclides da Cunha. Segundo o site da Secretaria da Cultura, o espetáculo teve 70 profissionais envolvidos, entre eles 47 atores (adultos e criança). Os Sertões acontece em cinco episódios:1°) A Terra, que conta sobre a parte geográfica e física do sertão brasileiro; 2º) O Homem 1, que conta a formação do homem brasileiro até chegar à descrição do sertanejo; 3º) Homem 2, narra a transformação de Antônio Maciel em Antônio Conselheiro, 4º) Luta 1, relata a primeira expedição que foram para atacar Canudos e 5º) Luta 2, que é o desfecho com cenas dos primeiros capítulos do livro projetadas em telões, captadas por câmeras, que transpõem para o palco a obra literária completa de Euclides da Cunha. O total foram 26 horas de espetáculo, cada dia com em média, de 5 a 6 horas de duração.
No segundo dia ( 06 de setembro), que começou as 8h e terminou 1h da manhã, contou a construção, ou melhor, o surgimento do homem brasileiro. O inicio do espetáculo foi com uma ciranda feita pelos atores com o público. O que permitiu uma interatividade entre o espectador e os intérpretes, fazendo com que a platéia se sentisse parte do espetáculo. A peça, para quem não tem o hábito de ir ao teatro, chocou pelo o excesso de nudez que teve do inicio ao fim do espetáculo. Mas o nu não era simplesmente um nu, mas sim com sentido de resgatar as características dos seres que fizeram parte da construção do povo brasileiro (índio e o negro). Teve vários momentos no corpo da peca de interatividade, o que não permitia que o público ficasse exausto.
A todo decorrer do espetáculo o que pode ser notado é a presença explícita das manifestações dionisíacas. A todo o momento o culto, as festas, celebrações, orgias, que antes era associada ao Deus Dionísio, eram representados na peça. Por isso, quem foi assistir, também teve o privilegio de fazer parte desse bacanal da alegria. Tudo, mas tudo mesmo sem pudores e nem preconceitos, liberdade total.

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