quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Religião do candomblé ganha mais espaço em Salvador



“Terra de todos os santos”, de “todos os encantos”, a “terra do senhor do Bonfim”, onde, segundo o cantor Gerônimo, “todo mundo é de Oxum”. Essa é a cidade do São Salvador. Terreno onde os orixás fazem suas festas, através da sua união com os humanos, onde os turistas vêm de longe para conhecer uma das maiores representatividade da Bahia: a religião do candomblé.

É através dos terreiros que essa religião se faz presente. São 1.296 terreiros, desses 1.163 funcionando na capital. Os números foram encontrados numa pesquisa feita do Mapeamento dos Terreiros de Candomblé de Salvador, promovido pelas Secretárias Municipais de Habitação e de Reparação (SEMUR), em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba).

O estudo mostra que o número de terreiros em funcionamento cresceu 14,2%, em comparação com uma pesquisa realizada em 1983 pelo governo do Estado, quando foram identificados, em atividade na capital, 1.018 terreiros. Mas, segundo Zulu Araújo, presidente da Fundação Palmares, em entrevista dada ao site da Semur, mais de 80% dos terreiros de Candomblé não são registrados como Associação Civil Religiosa, a maioria também ocupa terrenos sem escritura. Ela conta também que só 8,5% dos terreiros são reconhecidos como entidades públicas. Os demais sofrem com a exclusão e não têm direito a ajudas governamentais.

A pesquisa vai ajudar também na adoção de políticas para o fortalecimento institucional e apoio técnico para as comunidades; reforma e manutenção dos terreiros ; programa de saúde da população negra; iluminação pública; regularização fundiária; segurança; entre outras. Pois, uma das principais atividades dos terreiros são com os serviços sociais prestados as comunidades.

O processo de mapeamento dos terreiros, indica que a religião do candomblé, gradativamente, vem sendo mais respeitada e também conseguindo conquistar o seu merecido espaço, em uma terra onde mais de 80% da população é negra. Para, Pedro Virginio, o representante da Federação Baiana de Culto Afro Brasileiro (Fenacab) esse mapeamento é uma forma de “reconhecer os anos que as pessoas de candomblé foram perseguidas e marginalizadas” e segundo ele “o crescimento é natural, pois, antes ninguém queria assumir a religião do candomblé. Hoje essa realidade mudou, as pessoas se sentem livres para colocar em prática sua missão.”


Mas para Maria Conceição Divino, abian do terreiro Ilê Axé Olô T’Ogum, “o aumento desses terreiros é bom, porém, é necessário que se tenha uma fiscalização mais séria do órgão responsável, para saber como anda o funcionamento dos terreiros, como está tratando os seus membros” .


Processo de registro dos terreiros - Antes os terreiros de candomblé para funcionarem eram registrados nas delegacias, “a policia registrava as casas, com os nome e endereço do pai de santo, e depois dava condições para os terreiros atuar”, diz Pedro Virginio da Fenacab.
Isso acontecia porque o candomblé tinha uma visão negativa, era considerada a religião da feitiçaria, a que fazia mal. Atualmente, ou melhor, desde 1946, os terreiros para serem registrados precisam ser cadastrados na Fenacab. Mas antes o processo de registro começa dentro do próprio terreiro, através da autorização do pai ou mãe de santo ( sacerdotes). Ou seja, o processo é espiritual e depois parte para o material. Para isso, segundo Pedro, é necessário 21 anos de obrigações ( trabalhos espirituais dentro do candomblé) e também da autorização do orixá do filho de santo.
Depois disso, esse filho de santo recebe o decá ( certificado). A Federação passou a existir com o objetivo de está fiscalizando esses terreiros e suas atividades e também para poder colocar em prática as atividades de forma regulamentada e dentro da lei.

Um comentário:

Acton Lobo disse...

gostei do seu blog. parabéns!